segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conta as bênçãos

Conta as bênçãos

O que nos deixa mais tristes ou infelizes
é a solidão da dor.Não,
não inverti as palavras,
porque uma coisa é a dor da solidão,
que milhares de almas, mesmo acompanhadas,
conhecem e uma outra é a solidão da dor.

A solidão da dor é a que cabe a nós,
inteiramente. É a que julgamos a maior do mundo,
a mais pesada e difícil de carregar; aquela que diminui nossa estatura e agiganta
todos os outros que estão ao redor;
a que mata cada fibra do
nosso coração e
nos faz esquecer todas as alegrias
e bênçãos recebidas.

Perigosamente destrutiva,
afasta-nos do bem e do bom,
da luz, do sal,
da cruz e das promessas Divinas.

Jesus também sofreu
a dor da solidão e do abandono;
sofreu a dor da dor,
a lança atravessada,
o peso da cruz e do cravo nas mãos.Mas Ele não experimentou a solidão da dor.
Ele sabia que não estava só e mesmo nos momentos mais difíceis de serem suportados,
erguia os olhos para o Céu.

Contamos tudo o que recebemos da vida
e particularmente de Deus de maneira inversa.Apagamos facilmente o bem,
as alegrias,
as bênçãos que caem gota
a gota na nossa cabeça nos ungindo e reavivamos
as dores que fatalmente colhemos nos caminhos por nós mesmos escolhidos.Você tem teto, alimento, família,
amigos, trabalho, saúde?Conta as bênçãos!!!

Tem momentos de riso gostoso,
de partilha,
pode ver o nascer e o pôr-do sol?Conta as bênçãos!!!

Contamos nossas dores, as contabilizamos,
somamos e nos esquecemos de acrescentar as alegrias que podem diminuí-las
ou pelo menos nos mostrar que na balança da vida nem tudo é perda e sofrimento.

Conta sim, uma a uma,
as bênçãos da sua vida.
Você vai ver que a esperança ainda vive, que a luz brilha,
que as flores continuam nascendo apesar
das secas ou das enchentes.

Você vai ver que, silencioso,
Deus olha por nós e continua distribuindo o bem, mesmo se aos nossos olhos as graças
pareçam invisíveis.

* * * * *

COMENTÁRIOS DA AUTORA

Quem nunca atravessou uma noite escura?
Quem nunca duvidou e teve medo de prosseguir?
Quem nunca chorou e acabou adormecendo?
Quem nunca teve um momento que achou que
era o mais lindo de toda a sua vida?
E quem nunca pensou em desistir e prosseguiu assim mesmo,
se arrastando e chegando até o dia seguinte?
Os caminhos são tão parecidos a todos nós!
As dores podem ser tanto iguais quanto as alegrias intensas.
Mas, claro, cada um sabe, por si, o efeito que cada coisa produz no seu âmago.

E das coisas mais comuns ao esquecimento
está aquele da existência dos outros quando o mundo parece desmoronar
na nossa cabeça e destruir todo o nosso eu, construído tão amorosamente
pelo Pai e lapidado com as dificuldades da vida.
São nessas horas que todas as flores murcham,
o sol deixa de aquecer e as noites parecem tão
intermináveis quanto as voltas que o relógio dá.
Mas tudo isso é apenas uma idéia!

As bênçãos que recebemos não deixam de
existir quando o sol desaparece, somos nós que nos cegamos.
Mesmo quando o céu está encoberto e carregado, pesado e escuro,
um vôo acima das nuvens nos mostra
que o azul continua lá, sereno e pronto para reaparecer.

As bênçãos que recebemos nunca se apagam e as carregaremos em nós para toda a vida.
E nas nossas contabilidades não nos esqueçamos de contá-las,
não somente para que continuem presentes,
mas para que estejam prontas para acolher todas
as outras que estão destinadas a nós.Tenho colhido bênçãos incontáveis na minha vida.
Conheci também as noites escuras,
como todo mundo,
mas a vela da esperança das bênçãos continuou acesa e se iluminava ainda mais a cada oração.
Não é por que as bênçãos demoram a chegar que nunca chegarão.
A perseverança é uma forte arma contra o desânimo e é ela que vai abrindo as portas
que devemos atravessar.
Há, creiam,
do outro lado do muro bênçãos para cada um,
um Deus amoroso e disposto a perdoar,
acolher e conceder os desejos do coração.
Eu nunca duvidei disso e por esse motivo posso hoje
plantar e colher muitas flores.

Que o Senhor abençoe este
dia e todas as horas de cada um de vocês!
Que o sol brilhe,
que o amor aconteça e que a esperança
nunca os abandone!

TEXTO E COMENTÁRIOS:
Letícia Thompson

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