Abandonar...
A gente vive a vida toda, cheios de nossos próprios conceitos.
Isso quando não, de preconceitos. Conceito de amor, conceito de amizade, conceito de aceitação. Propagamos aos quatro ventos esses nossos conceitos.
Mas não os vivemos de fato.
Acreditamos que amar é dedicar-se ao outro a tal ponto de nos esquecermos de nós mesmos. Acreditamos que amizade é a eterna espera de que, o outro tenha por nós, os mesmos sentimentos.
E nessa espera, às vezes, nos despojamos de nós mesmos, acreditando que amigo é aquele que ouve e cala.
Nunca fala. Não nos “incomoda”.
E no nosso conceito de aceitação vem à soma de todos os outros.
Aceitar ao outro é amar.
Aceitar ao outro é ser amigo.
Será? Será essa aceitação incondicional realmente, prova de amor?
Quantas vezes nos calamos em nome do amor, quando deveríamos gritar os nossos sentimentos, a nossa insatisfação?
Quantas vezes em nome da amizade deixamo-nos pisar sem piedade, apenas para que o amigo se sinta bem?
Diria que muitas vezes é necessário, antes de aceitar, rever nossos conceitos...
Da mesma forma que o conceito funciona para mim, deveria ser para o outro.
Se amar é aceitar, te aceito como é.
Mas então, você não me aceita...
O amigo cala, ouve
. O amigo não dá palpite, o amigo não se mete na sua vida.
O amigo deve ser aquele que te dá o ombro para chorar, que chora com você.
Amigo jamais, veja bem, jamais, te dá conselhos.
Então não é preciso amigo.
Uma coluna almofadada para encostar, surte o mesmo efeito.
Com a vantagem que ela nunca vai retribuir teus sentimentos ou te molhar com suas lágrimas.
Mas a coisa não funciona assim.
Precisamos de retribuição.
Precisamos saber que somos importantes para o outro, como ele é para nós.
Senão, é o momento do abandono.
E abandonar é deixar.
E deixar, entre todos os conceitos é o mais dolorido.
Implica na maior de todas as aceitações: a de que não somos amados ou que somos incapazes de amar.
Às vezes o abandono é a maior prova de amor que podemos dar.
Tanto para o ser amado, quanto para nós mesmos.
Quantas vezes nosso amor “incomoda” o outro, pela simples razão de que ele não pode retribuir.
Às vezes, o abandono se faz necessário... Muito mais que o amor.
A capacidade de ouvir não se limita exclusivamente à possibilidade de captar sons.
Temos sido surdos em um mundo repleto de sons e de melodias que poderiam transformar nossas vidas em sinfonias de amor e de realização.
Temos sido criaturas incapazes de perceber palavras e histórias maravilhosas que ilustram a existência dos seres que nos cercam e que muito poderiam nos ensinar.
Temos sido deficientes auditivos quando se trata de escutar verdadeiramente aquilo que precisamos ouvir.
É necessário e urgente que desenvolvamos a real capacidade de ouvir....
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