quarta-feira, 11 de maio de 2011

A pipa no céu.

A pipa no céu.


A vida exige leveza, assim como a viagem. A estrada fica + bonita quando podemos olhá-la sem o peso de malas nas mãos.
Seguir leve é desafio. Há paradas q nos motivam compras, suplementos q julgamos precisar num tempo q ainda ñ nos pertence, e q nem sabemos se o teremos.
Temos a pretensão de preparar o futuro. Eu tenho. Talvez vc tenha também. É bom q a gente se ocupe de coisas futuras, mas tenho receio q a ocupação seja demasiada. Temo q na honesta tentativa de me projetar, eu me esqueça de ficar no hoje da vida.
Os pesos nascem desta articulação. Coisas do passado, do presente e do futuro. Tudo num tempo só.
Há uma cena q me ensina sobre tudo isso. Vejo o menino e sua pipa q ñ sobe ao céu. Eu o observo de longe. Ele faz de tudo. Mexe na estrutura, diminui o tamanho da rabiola, e nada. O pequeno recorte de papel colorido, preso na estrutura de alguns feixes de bambú retorcidos se recusa a conhecer as alturas.
O menino se empenha. Sabe muito bem q uma pipa só tem sentido se for feita p/voar. Ele acredita no q ouviu. Alguém o ensinou o q é uma pipa, e p/q serve. Ele acredita no q viu. Alguém já empinou uma pipa ao seu lado. O q ele agora precisa é repetir o gesto. Ele tenta, mas a pipa está momentaneamente impossibilitada de cumprir a função q possui.
Sem desistir do projeto, o menino continua o seu empenho. Busca soluções. Olha p/os amigos q estão ao lado e pede ajuda. Aos poucos eles se juntam e realizam gestos de intervenção...
Por fim, ele tenta + uma vez. O milagre acontece. Obedecendo ao destino dos ventos, a pipa vai se desprendendo das mãos do menino. A linha q até então estava solta vai se esticando. O q antes estava preso ao chão, aos poucos, bem aos poucos, vai ganhando a imensidão do céu.
O rosto do menino se desprende no mesmo momento em q a pipa inicia a sua subida. O sorriso nasceu, floresceu leve, sem querer futuro, sem querer passado. Sorriso de querer só o presente. As linhas nas mãos. A pipa no céu...

(Pe. Fábio de Melo)

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